No grupo de WhatsApp da OPN deparei-me com um registro fotográfico de uma visita rotineira de nossa equipe. Não consegui afastar os olhos daquela imagem. Uma senhora idosa sentada no interior de uma moradia improvisada, em meio a umas tralhas. Ao contemplar a cena, e sem conhecê-la pessoalmente, me senti impelido a escrever esse pequeno texto. Vou chamá-la de Dona Zulmira.
Dona Zulmira é pequena, magra, com o rosto marcado por rugas que não escondem os anos difíceis. Mora em um barraco improvisado com restos de material de construção, cobertos de lona preta, em uma ocupação habitacional nos arredores do bairro Floresta em Fortaleza. Seu lar, se é que assim podemos chamá-lo, está situado em um terreno irregular, cheio de lama e sujeira, à beira de um canal de esgoto.
Dona Zulmira sobrevive do pouco que consegue com a aposentadoria mínima. A comida vem das doações de vizinhos igualmente necessitados e de grupos solidários que, às vezes, passam pelo local. Nos dias bons, uma sopa quente. Nos dias ruins, um pedaço de pão dormido com café ralo.
O poder público? Esse parece ser apenas um eco distante. Não há assistência social regular, não há visitas de saúde ou qualquer tipo de suporte. Ela vive à margem, esquecida por uma cidade que corre apressada, sem olhar para trás.
Ao contemplar sua situação, algo em mim se remexe. Não é apenas indignação, é uma mistura de tristeza e um senso de urgência. É impossível não pensar em como alguém chega a esse ponto, em como Dona Zulmira vive sem cuidados básicos, sem afeto constante. Com quem ela mora? Está sozinha? Tem filhos? Alguém se preocupa com ela?
E agora, com a pré-temporada das chuvas, a preocupação se torna maior. Seu barraco resistirá à força da água? O chão de terra vai virar lamaçal, e o pouco que ela tem pode ser levado. Sua fragilidade grita, mas quem escuta?
Dona Zulmira e tantas outras mulheres como ela precisam de mais do que compaixão. Elas precisam de ação. Precisam de um lugar digno para chamar de lar, de políticas públicas que as vejam como seres humanos, de uma sociedade que se recuse a normalizar a miséria.
E é por isso que convidamos você. Venha conhecer histórias como a de Dona Zulmira. Junte-se a nós do O Pequeno Nazareno. Vamos transformar essa indignação em movimento, essa tristeza em solidariedade. Chegou a hora de agir. Juntos, podemos mudar vidas. Juntos, podemos fazer a diferença.
Adriano Ribeiro
Jornalista e coordenador de comunicação na OPN